Entrevista da Pitty no Limão

Adorada entre os limônicos (quase mil fãs se reúnem num wikisite), a cantora Pitty segue em turnê do seu primeiro disco ao vivo, {Des}concerto. Neste sábado, ela se apresenta em São Paulo, no Kazebre Rock Bar. E, na TV, já está rolando o clipe da música De Você. "Esse clipe encerra as atividades do Anacrônico e do DVD", contou a roqueira em bate-papo com o Limão.

Como anda a turnê de {des}concerto?
Está durando mais do que eu imaginava. A idéia era encerrar em julho, mas não foi possível devido à quantidade de pedidos de shows, e shows com lotação esgotada sempre. Decidimos esticar até novembro.

Você se considera a roqueira que mais faz a cabeça dos jovens hoje em dia?
Não sei. Tem bastante gente indo aos shows e curtindo o som, e isso me basta. Espero, e muito, que as letras sejam relevantes para eles, ao menos para mim elas são o elemento fundamental nesse lance. Sei que muitos as entendem, e uma grande parte não porque nem está acostumada a dar valor a parte lírica, ou a refletir sobre o que está sendo dito.

Em Admirável Chip Novo, seu primeiro álbum, você parece insatisfeita com a sociedade e ao mesmo tempo romântica... O que mudou em cinco anos?
Muitas coisas, mas com certeza a insatisfação permanece. A gente vai agregando novos valores, se descobrindo, se colocando. Não é uma substituição, é uma soma. Tive que aprender a lidar com coisas que eu ainda não conhecia na prática e isso me tornou um pouco mais paciente em relação a algumas delas, e também mais urgente a outras. É meio difícil citar o que exatamente mudou. A essência permanece, mas com o tempo você vai entendendo pelo que vale a pena lutar e pelo que não.

Seu nome vinha sempre associado ao adjetivo roqueira. Roqueira Pitty...
Muitos acabam se prendendo a esse estereótipo da "roqueira". É uma pena. Essa é a parte mais superficial da coisa, na real. Ser rock ou não tem muito mais a ver com a postura e estilo de vida do que necessariamente com a imagem.

Salvador tem uma cena rock amadora interessante. Você acompanha o trabalho desse pessoal?
Desde sempre, porque é de lá que eu venho! Essa cena foi minha escola, e por toda a disparidade que ela representa, por todas as dificuldades existentes em se ter uma banda de rock na Bahia, vejo que ela me transformou numa pessoa batalhadora. Existem muitas bandas ótimas lá. Eu gosto muito de Cascadura, Retrofoguetes, Nancyta, Honkers, Ronei Jorge, e por aí vai.

Esses dias estourou esse escândalo de crimes financeiros, gente graúda presa... o Brasil ainda tem jeito?
Eu tento, desesperadamente, encontrar dentro de mim o otimismo e a esperança necessários para continuar fazendo minha parte como cidadã; mas isso só acontece com muito esforço. Na maioria do tempo o ceticismo me toma, e eu fico achando que vai levar muito, muito tempo para que a gente consiga viver numa sociedade realmente digna. É muita impunidade, muita coisa que a gente não sabe e nem nunca vai saber, muita manipulação de informação, muito pão e circo. Mas não quero deixar que esse ceticismo se transforme em comodismo ou derrota.

Planos para voltar ao estúdio?
Não tenho pressa, não me incomodo com a regrinha de mercado de ter que lançar um disco por ano pra cumprir contrato, mesmo que ele só tenha uma música que preste. Componho, e gravo, quando acho que tenho algo a dizer. Já tenho algumas letras, idéias desconexas que vão se encaixar assim que eu puder ter meu ócio criativo.


Limão.

1 comentários:

Whisper disse...

Porra, curti demais o blog...
Parabéns...
Depois passa lá no Malditos Cromossomos...
Té mais!!